Milão e Sforza na vida de Da Vinci

Leonardo chega em Milão

Ao ser acolhido em Milão, Leonardo revelou de súbito a riqueza de sua personalidade participando de um concurso musical na corte.

Falando sobre ele, Taine nos conta que
"Ele chegou no momento em que um concurso reunia diante do príncipe os mais hábeis músicos da Itália; ele se apresentou com uma lira fabricada por ele mesmo, e quase toda feita de prata. Ele tinha a forma de crânio de cavalo. Leonardo tinha descoberto que essa forma era a mais apropriada para produzir sons completos e vibrantes".

Após vencer o torneio, Leonardo ainda foi proclamado o melhor improvisador de versos e de canto. Embora considerando sempre as outras artes como inferiores à pintura, ele realizava obras primas esculturais, como a estátua equestre do Sforza, ele era um virtuose, e cantava e versejava!

Embora impregnado por um legítimo orgulho, ele sabia canta "pela abundância de suas ideias, a beleza de sua conversação e o agrado extremo de seus raciocínios e palavras!"

Mesmo situados a séculos de distância das cortes renascentistas, podemos ter uma ideia ainda que vaga do brilho daquela conversação através da prosa do próprio Leonardo, encerrada nas páginas belíssimas do Tratado da Pintura.

Escrita num estilo vibrante, muito mais próprio da conversação que da dissertação acadêmica, um estilo dotado de simplicidade e, ao mesmo tempo, da mais profunda poesia, essa obra nos mostra as culminâncias do italiano renascentista: mais despojado que o de Ariosto, porém menos carregado de expressões populares e dialetais, e com um vocabulário mais polido que o de Benvenuto Cellini, o estilo de Leonardo bem merece o elogio que lhe fez um crítico como Bernard Berenson: "É a prosa italiana ideal".

Ludovico Sforza
Castello Sforzesco, Milão. O castelo foi construído a partir de 1450 por Francesco I Sforza. Leonardo da Vinci Trabalhava lá quando era patrocinado pelos Sforza


Por outro lado é curioso notar que o protetor de Leonardo, Ludovico Sforza, apelidado o Mouro por sua tez um tanto escura, não mais se dedicada às guerras, se orgulhando, ao contrário, de seus belos conhecimentos literários e artísticos.

Charmoso, amável no trato, de gosto refinado, e sumamente elegante, rodeado por mulheres belas e cultas,  como Lucrécia Crivelli e Cecília Galerani, Ludovico não apenas instituiu a Universidade de Milão, mas convidou como catedráticos alguns dos mais célebres eruditos como os bizantinos Demétrio Calchondilas e Mérula; servia-lhe de secretário Calchi, "latinista e helenista de primeira categoria, de uma memória prodigiosa, de uma erudição perfeita; um homem digno, pela sua qualidade e o número de seus títulos, de ser secretário numa Academia ilustre", como diz Taine.

Nesse ambiente de letrados e artistas Leonardo também conviveu com Bramante, o último grande arquiteto gótico, construtor da cúpula da Catedral de Santa Maria das Flores, orgulho da capital da Toscana; Bramante foi um dos mais importantes interlocutores de Leonardo em Milão.

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