A Arte Desenhar de Leonardo Da Vinci

Neste artigo, vamos falar como Leonardo Da Vinci começou e cresceu na arte de desenhar, um de seus passatempos (ou trabalho, ou diversão...) favoritos.

Como Da Vinci Começou a Desenhar:
O Ateliê de Verrocchio

Dentre as disposições inatas de Leonardo, porém, a mais promissora foi, desde a sua mais tenra infância, a faculdade de desenhar.

Como que obcecado pelo órgão da visão, o mais nobre de todos, e ademais dispondo de mão habilíssima no manejo do lápis, do giz e do pincel, ele foi conduzido pelo pai quando ainda menino ao ateliè de Andrea Verrocchio (1435 - 1488), pintor e escutor, onde representaria o soberbo espetáculo de um gênio em formação: encantado com o traço firme de Leonardo, já manifestado em alguns cartões feitos ao acaso e como que por diversão no ambiente doméstico, o mestre o recebeu imediatamente como aprendiz.

Verrocchio já era conhecido por uma obra grandiosa, a qual lhe tinha sido encomendada pela República de Veneza: a estátua equestre de Bartolommeo Colleoni, cuja musculatura perfeita, movimento natural, o e sobejo heroísmo faziam evocar os monumentos similares que enchiam de orgulho a Roma antiga.

Tudo indica que no ateliê de Verrocchio o jovem aprendiz foi introduzido nos segredos da fundição do bronze e outros metais; Verrocchio tinha refinado sua mão, por assim dizer, após anos a fio fabricando todo tipo de objetos litúrgicos, de mobília, vasos e taças, e instrumentos musicais; sua oficina apresentava todos os aspectos do brilho artístico, do refinamento do gosto e do aperfeiçoamento das habilidades naturais.

Com esse mestre, Leonardo aprendeu a modelar imagens e estátuas mediante a observação de modelos desnudos e vestidos; conheceu o desenho de plantas e animais raros; e assimilou os princípios da perspectiva e do uso das cores, mais tarde conduzidos por ele à perfeição.

Leonardo ainda se esmerou no fabricar de cabeças de gesso, sobre as quais aplicava trapos úmidos e fazia estudos de sombreado, demonstrando seu fascínio pela forma e sua habilidade inigualável; diz-se que cada um daqueles esboços parecia feito por mão de mestre e possuía um não sei quê de original.

Dentre as influências recebidas no ateliê de Verrocchio, uma das mais duradouras foi a paciência maravilhosa com que Leonardo trabalhava as minúcias de alguns de seus desenhos, sobretudo aqueles destinados a servir de tema para tapeçarias.

Nessa época, o intercâmbio comercial e cultural da Lombardia com as províncias flamengas era o mais intenso que se possa imaginar: as célebres oficinas das Flandres não se contentavam com sua inventividade própria, mas encomendavam aos artistas florentinos novos temas com cenas de caça, de passeio ao livre, de paisagens florestais, montanhosas, e de flagrantes da vida palaciana e doméstica a fim de enriquecer a produção dos seus teares, cobiçada por toda a Europa.

A presenta da arte flamenga entre os italianos do norte da península serviu para afirmar a identidade nacional destes últimos, afastando-os da arte bizantina; assim, o grande compositor flamengo Dufay trabalhou na capela pontifícia, em Roma, e outro, Willaert, veio a fundar a escola de Veneza, tão importante para desenvolvimento posterior da música barroca.

E no campo das artes plásticas podemos lembrar que o flamengo Hugo van der Memling era encarregado de pintar o retábulo Portinari, enquanto Has Memling era encarregado de um tema constante na arte de Florença: o Juízo Final; os retratos flamengos, sobretudo os de Rogier van der Weyden, eram muito admirados e imitados na Itália; se o italiano Antonello da Messina introduziu a pintura a óleo na península, foi por ter se formado na Flandres; deste modo, grandes artistas como Filippino Lippi, Ghirlandaio, Botticelli, Pollaiulo e o próprio Leonardo da Vinci estiveram sob o influxo poderoso da pintura flamenga.

Como da Vinci aprendeu a desenhar


Sabemos, por intermédio do primeiro biógrafo oficial, Vasari, que Leonardo, tornado famoso no ateliê de seu mestre Verrocchio, foi encarregado de pintar uma cortina de cambraia dourada e entremeada de seda, um presente para o rei de Portugal, figurando a expulsão do primeiro homem e da primeira mulher do paraíso terrestre; o artistas desenhou um prado de traços tão finos e enfeitado por flores tão delicadas, os traços de seu pincel são de tal modo habilidosos, que o biógrafo não contém sua admiração, e duvida com legitimidade que se possa encontrar no mundo inteiro outro engenho capaz dessa façanha artística; ele afirma, aliás, que o simples contemplar do esboço já basta para desanimar qualquer possível êmulo de Leonardo; e quando este abandonou o trabalho, numa atitude típica de seu temperamento inquieto e sempre voltado para mil atividades simultâneas, a obra permaneceu como estava: apenas um esboço inacabado; mas que esboço!

Como é estimado feliz IOttaviano de Médici, por tê-lo recebido de presente de um tio de Leonardo.

Nessa mesma ocasião Leonardo pintou para o Papa Clemente VII uma de suas madonas tão originais e que hoje bastariam, sozinhas, para fazer a fortuna de um grande museu; distinguem-nas a maneira tão original, que as torna diferentes de todas as outras, formadas na tradição de Rafael, ou a Madona que Miguel Ângelo pintou para comemorar as bodas de Agnolo Doni e Madalena Strozzi, hoje na Galeria degli Ufizzi em Florença.

Vasari nos fala também de uma garrafa d'água que Leonardo desenhou, contendo flores no seu interior, e recoberta, ademais, por gotículas de orvalho; a vivacidade das flores e o cristalino da água e do orvalho transmitiam ao espectador a mais viva ilusão de realidade; e o mesmo pode ser falado acerca de um Netuno que Leonardo fez para Antonio Segni, seu amigo: conduzido num carro formado por enorme concha marinha, puxado por cavalos marinhos e orcas, e escoltado por nereidas e tritões, o deus das águas desfilava majestosamente, parecendo vivíssimo para todos os que contemplavam; via-se, atrás do carro, uma esteira de espuma em meio às águas agitadas, na qual despontavam aqui e acolá cabeças de outras divindades marinhas que também formavam o séquito; tomado de admiração pela pintura, um filho de Segni apôs-lhe adrede versos em latim nos quais ele dizia que os poetas antigos tinham apenas descrito a marcha do deus através dos seus domínios aquáticos, enquanto Leonardo enxergou de fato a divindade em meio ás ondas.

Esses anos de aprendizado foram os mais profícuos, portanto, que se possa imaginar; o grande historiador da arte  Ernst Gombrich, observa que:
Tal aprendizado teria feito de qualquer jovem talentoso um bom artistas; realmente, do bem sucedido ateliê de Verrocchio saíram destacados pintores e escultores

O que, aliás, era usual. Cada grande mestre reunia em torno de si muitos discípulos que por vezes se tornavam, eles mesmos, mestres dotados de invejável reputação.

Mas Leonardo era mais que um jovem talentoso; ele era um gênio, cuja força de espírito deverá ser por todos os tempos objeto de espanto e admiração para os mortais comuns,

conclui Gombrich.

No próximo artigo, iremos nos aprofundar na Mente e genialidade de Leonardo da Vinci.

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