Retorno de Leonardo para Florença

Após uma época de ouro em Milão, onde pintou a Última Ceia, nosso gênio precisa voltar para Florença novamente.

O Retorno de Leonardo

Os Sforza foram mecenas tão importantes, em Milão, quanto os Médici em Florença.

Embora a famosa carta de solicitação dirigida ao Duque Ludovico por Leonardo seja de conteúdo pragmático, visto que ele se apresenta como engenheiro e estrategista cujo serviço seria bastante útil às ambições políticas da casa Sforza, foi em Milão que Leonardo deu um impulso maior às suas notáveis faculdades artísticas, estimulado por aquele ambiente onde a nobreza vivia uma vida de "brilhantes pecados e refinados divertimentos", como diz Walter Pater.

Por um contraste freqüente na história da arte, foi em Milão, à sombra, por assim dizer, da grande catedral gótica construída por artistas vindos ele além dos Alpes, que Leonardo realizou a grande obra da sua maturidade artística, a legendária "Santa Ceia" do Convento de Santa Maria das Graças.

No seu processo de incessante refinamento, ele ainda pintou lá alguns de seus famosos retratos.

Porém a instabilidade política predominante em Milão, o choque de interesses dinásticos e a invasão francesa resultante dai, com a conseqüente queda da casa Sforza, tudo isso afugentou Leonardo e o fez retornar a Florença.

Leonardo Da Vinci Biografia
Florença no século XVI

Novamente Florença

Depois da queda dos Sforza e as agitações que se seguiram, Leonardo voltou para Florença.

Lá, ele foi agraciado pelo pintor Filippino Lippi, seu admirador, com com uma encomenda: era também uma pintura conventual, com o tema de Santa Ana e a Virgem.

Ao contrário de outros artistas, Filippino primava pela gentileza e o mais nobre desinteresse; ele apresentou Leonardo aos frades, como sendo capaz de bem realizar o trabalho.

Aqueles acolheram o grande artista no convento, oferecendo-lhe abrigo durante alguns meses, a ele e todo o séquito de discípulos que o acompanhavam. Embora apenas esboçado, como outras obras de Leonardo, e a principio exposto somente no ateliê, o quadro despertou tamanha admiração que:

  • "durante dois dias Florença inteira desfilou diante dele"

Toda a cidade se dirigia ao ateliè de Leonardo como para uma igreja, durante solenes festejos, o que causava maravilha, sobretudo, era a serenidade e contentamento com que a Virgem segura seu divino rebento no colo, assim como Santa Ana parece fazer com relação à própria Virgem.

O povo enxergava nisso uma espécie de manifestação miraculosa e digna de ser cultuada; e todo o continuo mereceu a mais graciosa descrição de Vasari, a qual termina com o:

  • "pequeno São João que brinca com uma ovelhinha e o faz dando ama risadinha"


É possível que essa reação do público, repetida muitas vezes, aliás, no caso de Leonardo, tenha inspirado aquela afirmação do próprio artista no seu Tratado da Pintura, de que a pintura fala diretamente ao espírito humano, sem exigir qualquer elaboração intelectual como no caso da poesia.

Esse apelo direto da pintura deverá sempre fascinar o espírito de Leonardo e levá-lo a dissertar apaixonadamente sobre o sentido da visão.

Entretanto, não deixa de causar estranheza o aparente desprezo de Leonardo pela poesia; porque ele mesmo compôs sonetos, e o Tratado da Pintura abunda em momentos da mais esplêndida poesia.

Agora vamos falar da obra de arte mais importante de todos os tempos, Mona Lisa (Gioconda).

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